A acessibilidade é item fundamental em projetos arquitetônicos. A legislação brasileira estabelece que todos os espaços públicos ou privados de uso coletivo, sejam urbanos ou rurais, devem atender aos requisitos de acessibilidade e permitir que todas as pessoas, independentemente de suas características físicas e/ou cognitivas, possam utilizá-los com segurança, conforto e autonomia. E esse número de pessoas no Brasil é bem representativo. De acordo com o último Censo do IBGE, realizado em 2010, aproximadamente 25% da população declarou possuir alguma deficiência (motora, visual, auditiva ou mental/intelectual).
Para a coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unijorge, Larissa Scarano, o livre acesso deve ser pensado para pessoas com deficiências e também para idosos, crianças, gestantes e mesmo pessoas com carrinho de bebê. Para Larissa, quando o ambiente interno ou externo não acolhe a todos, isso provoca a exclusão social de uma parcela representativa da população e impede a fruição de direitos, como ir e vir, acesso à cultura, saúde, educação e outros. “Na hora de projetar, é importante considerar toda a diversidade humana. É o espaço que deve se adequar às pessoas e não as pessoas se adaptarem aos espaços”, frisa.
Um projeto inclusivo deve considerar as especificidades dos usuários, incluindo a comunicação, a sinalização, o dimensionamento e a distribuição do mobiliário. Para atender a essas particularidades, o espaço pode contemplar soluções como rampas, elevadores acessíveis, sinalização inclusiva (com texto em braile, pictogramas e desenhos universais, audiodescrição e texturas), barras de apoio, pisos com acabamento antiderrapante e pisos táteis. A coordenadora explica que, diferente do que é imaginado, quando o projeto já considera os critérios de acessibilidade desde o início, não há aumento de custos, o que encarece é a execução de reformas posteriores. “Em casos de estabelecimentos comerciais, deve-se pensar na ampliação do público atendido. As pessoas com deficiência estão cada vez mais conscientes de seus direitos e optam por consumir produtos e frequentar espaços inclusivos”.
Na formação profissional, o assunto é estudado e aplicado, principalmente, nas disciplinas de projeto, nas quais os alunos concebem edificações e áreas livres atendendo a acessibilidade. Além disso, os estudantes aprendem sobre o histórico, a legislação e a aplicação desse conhecimento. Para Larissa, investir na acessibilidade é mais do que uma obrigação, é uma forma de participação democrática de todos na sociedade. “É preciso ter consciência que qualquer pessoa está sujeita a ter sua mobilidade reduzida, temporária ou permanentemente, e que pode desfrutar dos espaços sem restrição ou estigmatização. Acredito que é necessário reforçar a fiscalização e a divulgação da importância do livre acesso em todos os espaços”.
