CELEBRANDO A DIVERSIDADE E A ELEGÂNCIA, 29ª EDIÇÃO DO MISS BRASIL GAY

Ostentando brilho, plumas e paetês, 16 transformistas subiram ao palco do Teatro Jorge Amado, no bairro da Pituba, em Salvador, nessa quarta-feira (15), para concorrer à 29ª edição do Miss Brasil Gay Bahia. O evento, patrocinado pelo Governo do Estado, através da Secretaria do Turismo (Setur-BA), encantou o público com um desfile de beleza, talento e expressão artística, reunindo participantes de 16 estados brasileiros e o Distrito Federal em busca do cobiçado título de Miss Brasil Gay.

Sob a direção de André Luís, também conhecido como Bagageryer Spielberg, o concurso é reconhecido como um dos mais respeitados eventos de beleza transformista do país. Incorporando elementos de show, dança e entretenimento, o Miss Brasil Gay Bahia não apenas celebra a diversidade, mas, também, se destaca como uma plataforma para a valorização da estética, estilo e alta costura. 

“O meu trabalho com os transformistas é trazer a beleza, a beleza do espetáculo com as nossas mulheres, que há dentro de nós, no palco, como candidatas. E, nesse 29° ano, tivemos a grata satisfação de ter o apoio da Secretaria de Turismo, o que é muito legal para nos ajudar a contribuir com a arte e premiar, cada vez mais, esses meninos que vêm de estados do Brasil para, em Salvador, receber esse título”, conta Bagageryer.

O coordenador de Turismo LGBTQIAP+ na Setur-BA, Rafael Pedral, que se transforma na deslumbrante drag queen Petra Perón, ressaltou a importância do apoio do Governo da Bahia ao evento. “É um dever nosso, enquanto Governo do Estado, apoiar eventos como esse, um evento que traz artista transformista do Brasil inteiro, seus coordenadores, maquiadores, amigos, ou seja, de fato, traz turistas. É um evento turístico, artístico-cultural e que é um dever nosso estar incrementando, ampliando o fluxo turístico em pleno feriadão, com pessoas do Brasil inteiro visitando nosso estado, prestigiando o concurso”, destacou, afirmando ainda que mais da metade do público é de turistas de todo país. 

A microempresária e bacharel em direito Paola China Kin já conhecia o trabalho de Bagageryer, que fez temporada em Maceió e, este ano, enfrentou oito horas de viagem de ônibus, de Alagoas até a Bahia, para prestigiar, pela primeira vez, o Miss Brasil Gay Bahia. “Eu sempre soube do concurso porque tenho amigos que sempre vêm, mas, com a agenda cheia de compromissos, nunca pude vir antes. Este ano, a saudade de Bagageryer aumentou, tomei coragem e vim assistir. É minha primeira vez em Salvador e estou encantada, a cidade é linda”, contou a alagoana.

O espetáculo contou com a participação de artistas transformistas de destaque nacional, proporcionando ao público presente uma experiência única e envolvente. Além do desfile principal, o evento premiou diversas categorias, incluindo a Miss Simpatia, do Paraná, Fabiola Martinelly; a Miss Elegância, Monique Skarenze, do Maranhão; e a Miss Fotogenia, Yaskara D’Castro, do Amazonas. 

Os cinco melhores trajes típicos ficaram com as participantes do Amazonas, Yaskara D’Castro; Ceará, Nathally Matos; Distrito Federal, Valentina Cabral; Goiás, Adma Shiva; e Maranhão, Monique Skarenze. Junto à participante de Sergipe, Melany Madson, as representantes do Amazonas e do Ceará também foram premiadas pelos três mais bonitos vestidos de noite.

O Miss Brasil Gay Bahia premiou as três primeiras classificadas no concurso: o 3° lugar ficou com o Piauí, com Mayanara Rivyere, a candidata Yaskara D’Castro, do Amazonas, ficou com o 2° lugar e a grande vencedora da noite foi a maranhense Monique Skarenze.

Miss Brasil Gay – Bahia 2022, a amazonense Gabrielly Ferreira passou a coroa para a vencedora desta edição em uma cerimônia cheia de emoção. A eleita da noite recebeu um prêmio de R$ 2 mil, em dinheiro e uma deslumbrante coroa de strass e cristais boreais, avaliada em mais de R$ 3 mil, assinada por Jorge D´Glamour. 

Coroada, Monique Skarenze dividiu a emoção do prêmio. “É uma satisfação e, desde já, começa um grande compromisso. O concurso Miss Brasil Gay versão Bahia tem sim um legado e uma história, e nós, nisso, precisamos dar continuidade à classe LGBTQIA+. É muito importante a gente ter, sim, uma visibilidade e, sim, estarmos no meio de uma grande sociedade”, declarou a Miss Brasil Gay Bahia 2023.

No intervalo dos desfiles, o público assistiu, ainda, apresentações de artistas de destaque nacional e da Bahia, como a cover oficial e reconhecida pela artista Gal Costa, a carioca Andrea Gasparelli, e a drag e youtuber baiana DesiRée Beck, interpretando Rita Lee.

SEMINÁRIO DISCUTE ACOLHIMENTO E DIREITOS DE IDOSOS LGBT+

O acolhimento de pessoas LGBT+ acima dos 70 anos em instituições de longa permanência foi tema de um seminário realizado na tarde desta segunda-feira (9) pela Prefeitura, por meio do Centro Municipal de Referência LGBT+ Vida Bruno. O evento foi realizado no Abrigo Salvador, em Campinas de Brotas. O evento ocorreu neste mês em que se comemora o Dia Nacional do Idoso, o Dia Internacional da Terceira Idade e os 20 anos do Estatuto da Pessoa Idosa (1º de outubro).  

O diretor do Centro Municipal de Referência LGBT+ Vida Bruno e responsável pela coordenação do evento, Marcelo Cerqueira, explicou que o seminário nasceu a partir da observação e do questionamento sobre onde estão os LGBT+ da terceira idade em Salvador e como envelhecem essas pessoas. “Nós, como parte da Secretaria Municipal da Reparação (Semur), queremos lançar esse olhar de carinho para identificar essas pessoas e estar presente na vida delas. Temos uma jornada pela frente, no sentido de incidir sobre as leis de proteção de idosos, que são excelentes, mas ainda não contemplam a questão do gênero e da orientação sexual do idoso”, contou. 

O gestor ressaltou ainda que a intenção é dar continuidade às ações, fazendo sessões na Assembleia Legislativa e na Câmara para levar a discussão até chegar ao Estatuto do Idoso. “A Prefeitura está preocupada com essa população de Salvador e está buscando encontrá-la, reconhecê-la e lutar pelos seus direitos”. 

Na ocasião, o professor Luiz Mott, titular do Departamento de Antropologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e fundador do Grupo Gay da Bahia, apresentou informações sobre o aumento da população idosa no Brasil e a situação dos LGBTs idosos que vivem escondidos e com problemas, sobretudo travestis e mulheres trans, voltando a se vestir e a se comportar como homens por terem sofrido discriminação em algum abrigo. 

“É muito importante ampliar o número de abrigos, de acolhimento e de Casas de Acolhimento de Idosos LGBT e trabalhar para que elas tenham sempre a presença de lideranças Gays, Travestis, Bissexuais e Lésbicas para instruir sobre como tratar essas pessoas”, declarou. 

Formação – O Abrigo Salvador é uma instituição privada sem fins lucrativos que, atualmente, atende 110 idosos com idade a partir de 60 anos, lúcidos e sem distinção de sexo ou identidade de gênero. Primeira vice-presidente da instituição, Andreia Guedes conta que tem se preocupado com o envelhecimento da população LGBT+ e, por isso, tem se mobilizado para oferecer um ambiente mais acolhedor para essas pessoas. 

“Enviamos a documentação necessária para receber o selo LGBT+ e estamos implantando tudo aquilo que foi proposto para o recebimento do reconhecimento. No banheiro, já colocamos placas informando: ‘Aqui se respeita a identidade de gênero’, e esperamos que em breve possamos receber o selo. Esse evento veio para somar e, ao mesmo tempo, preparar a nossa equipe profissional sobre a abordagem do tema com os idosos”, afirmou. 

Além de Marcelo Cerqueira, Luiz Mott e Andreia Guedes, participaram do evento Roqueline Santos, coordenadora das Instituições Não Asilar do Conselho Estadual da Pessoa Idosa e idealizadora da cartilha LGBT+ Idoso; Lúcia Mascarenhas, coordenadora das Instituições de Longa Permanência (ILPIs) pelo Conselho Estadual da Pessoa Idosa; além de representantes do Ministério Público da Bahia (MP-BA) e do Conselho Municipal do Idoso (CMI).